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Crítica | ‘Transformers: O Início’ renova a franquia de 40 anos com primor

Longa animado funciona como prequela dos filmes do Michael Bay, mas poderia ser o início de algo novo

Há quem lembre de Transformers pela linha de brinquedos criada em 1984, que trouxe o desenho animado clássico e diversos gibis. Também existem aqueles que conheceram pelo ótimo Spin off Beast Wars de 1996, ou pela confusa série de filmes do Michael Bay iniciada em 2007. Transformers: O Início, que chega aos cinemas brasileiros em 26 de setembro, é para todas essas pessoas e principalmente para uma nova geração que com certeza teria dificuldades para assimilar tantos reboots e linhas temporais.

Transformers: O Início vem para comemora os 40 anos da criação da franquia. A produção retorna a série para o formato animação nos cinemas, já que o último longa animado foi Transformers – O Filme de 1986. Dessa vez, sem humanos e sem planeta Terra, conhecemos o passado de Orion Pax e D-16, dois mineradores de Cybertron em sua jornada de amizade até se tornarem os arqui-inimigos Optimus Prime e Megatron. Também entendemos como funcionava a dinâmica de Cybertron após as guerras, e vemos a origem de outros personagens como Bumblebee, Starscream, Soundwave e a estreante nos longas de Transformers (e interesse romântico de Optimus): Elita-1.

A forma como acompanhamos a transformação dos inocentes Orion Pax e D-16 nos líderes dos Autobots e Deceptcons, se assemelha muito com a dinâmica do Professor Xavier e Magneto em X-Men. São formas diferentes de lidar com o sofrimento e a dor vindas de desigualdade e tirania. A única diferença é que, diferente Magneto, D-16, à altura já Megatron, aparenta desenvolver uma sede de poder que justifica o vilão sem escrúpulos que conhecemos em todas as outras obras.

Não podemos deixar de citar as reviravoltas causadas na trama por Sentinel Prime, o canastrão e traidor antecessor de Optimus, interpretado na animação por Jon Hamm (Mad Men). O vilão engana toda a população de Cybertron, os condenando a uma vida isolada do lado de fora em troca de poder e ganância. Seu plano é desmascarado pelo grupo de protagonistas ao encontrarem Alpha Trion, último sobrevivente de um grupo de Cybertronianos que foram traídos por Sentinel Prime. Laurence Fishburne (Matrix) passa toda imponência de um guerreiro milenar ao interpretar Alpha Trion.

Todo o elenco foi muito bem escolhido, com destaques para Scarlett Johansson (Elita-1), Steve Buscemi (Starscream), Brian Tyree Henry (Megatron) e o comediante Keegan-Michael Key como o divertidíssimo alívio cômico: Bumblebee. Mas a responsabilidade maior veio pra Chris Hemsworth (Thor) ao dar vida ao protagonista Optimus, que por décadas é interpretado pelo consagrado ator de voz Peter Cullen.

Como é de costume em produções do tipo, a dublagem brasileira do filme usou Star Talents — termo usado ao se referir a pessoas de fora da dublagem, geralmente do meio artístico, que empresta sua voz em produções com o objetivo de divulgação. Os escolhidos da vez foram os atores Romulo Estrela (Megatron), Klebber Toledo (Sentinal Prime) e Camila Queiroz (Elita-1). Marcus Eni foi o Bumblebee e Mauro Horta, já acostumado a dublar Chris Hemsworth, deu voz ao jovem Optimus, com a difícil (porém bem-sucedida) missão de substituir Guilherme Briggs, antológico dublador do personagem em nossa língua. Esse elenco não fez nada feio, com destaques para os atores Romulo Estrela e Klebber Toledo, e ponto negativo para a interpretação de Camila Queiroz que teve suas derrapadas.

Elogios devem ser feitos ao time de roteiristas do filme: Eric Pearson (Thor: Ragnarok) e a dupla Gabriel Ferrari e Andrew Barrer (Sem Saída), que trouxeram aquela atmosfera das animações da Pixar com bom humor, ação e mensagens que são interpretadas pelas crianças e outras pelos mais velhos. Isso pode se justificar também pelo diretor do filme: Josh Cooley — ganhador de um óscar por Toy Story 4.

O visual dos personagens, mais semelhantes aos do clássico de 1984, dialoga muito mais com Transformers do que as máquinas ultrarrealistas dos filmes de Michael Bay. E por falar em Bay, esse longa pode muito bem se encaixar como uma prequela de tudo que vimos nos cinemas, mas bem que poderia ser o início de uma nova série, com um universo ficcional mais organizado e carismático. Que as próximas obras de Transformers cheguem em forma de animação, que é como a série sempre funcionou melhor.

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